miró, cão latindo para a lua
Sente-se de repente a meio duma frase
que estamos em convalescença
e um bosque avança no eco da casa
em sete divisões que a luz decompõe
como se fossem as serrilhas deste selo de Veneza
que martela no coração fatigado uma viagem por fazer
a viagem por fazer,
a vida por achar num caminho desimpedido
de chaminés de mármore preto.
Podia ser verão a meio desta linha
que a vida transformou numa longa carta
esquecida na cómoda que foi a leilão.
Somewhere, o lento processo de decomposição
do outro, tão inábil em admitir
que o lugar dos bolsos era o púbere desejo do mar,
avança, inexorável, mas paralelo à exaltação
quase imperceptível com que o túmulo
mudado em balaustrada sobre a desova dos salmões
se cala para não dispersar a vida -
porque só é irremediável a manhã
em que não fizemos amor.
A meio deste instante recebi um mail
a falar-me duma sombrinha chinesa
esquecida no miolo dum passaporte
roubado e que reapareceu em Curibita,
segundo o informe que recebi da polícia local.
Foi o inédito da sombrinha, assegura
o comandante Matias que os impeliu
a procurar-me num reenvio transatlântico.
Milagres para um gentio
que ao contrário dos reis magos nunca pernoitou
no Hotel de La Vallée, onde, dizem
que uma estrela faz cirurgia a um planeta
já descrente de que haja rapazes de olhos cor-de-rosa.
Por isso me parece a vida mais simples
do que antes: já não sou o guarda da prisão
e a alegria começa no puré de castanha
e nos salpicos de sal a meio de um umbigo
donde despontam petroleiros e uma asa
do mamilo que desenha um fio de sangue
na nossa boca. E já não passa a horas fixas
o comboio mas sei que ele passa
e me transporta aos jardins submarinos
do Niassa e aos rigores da criança que nos vê,
bêbados, e cruelmente mijados de compaixão.
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
BRAILLE: CATANDO CADERNOS/1
vasco manhiça, pintor moçambicano
DOS JORNAIS
Mafalala blues: quando viu o puto de onze anos
enforcado na mafurreira das traseiras
foi tocado pelo desespero: afinal, nada, nunca,
mudaria na penúria da sua vida. Até
o secretário do bairro era o mesmo
inútil há trinta anos. Ele vira,
o miúdo topou tudo num relance.
Aquele suicídio confirmava:
tinha a consciência vegetal dum songamonga.
VALA COMUM, SINOPSE:
O estranho plano para férias de Licurgo, o primeiro depois do seu divórcio, aos quarenta e três anos:
- dar a volta à casa, arrumar papéis, livralhada, catar os cadernos velhos (guardava-os desde o ciclo, nunca deitando nada fora), coligindo as cintilações dispersas por mil canteiros (sempre quisera ser escritor mas nunca passara da primeira página nas milhentas histórias que esboçara),
- e dar vazão à curiosidade telefonando para os quinhentos números de telefone que amealhara de nomes que lhe pareciam agora anónimos, mergulhados na vala comum.
Não me lembro donde tirei esta frase mas acho-a magnífica: “o que me arrepia no cristianismo é a ideia desse Deus que poderia amar-me a mim!” De facto, que pobreza de espírito!
A fogueira deitou-se
Para que a noite estrelada
Se pusesse em bicos dos pés.
“Éramos como navios que se saudavam em alto mar, cada qual baixando a sua bandeira”, escreveu Jung, com grande compreensão da alma humana. E o afecto desata-se quando num pequeno escaler os tripulantes se visitam momentaneamente e confirmam: a vida é o amor da vida.
O seu olhar é como o fogo que carcome intimamente todos os campos de trigo que a placidez duma vida amealhou, mas eu já não estou virado para escaqueirar a minha vida num gesto, no gesto. Por isso quando voltou a espetar os mamilos na direcção das minhas íris e insistiu:
«professor, se eu tiver treze dispensa-me de exame, não dispensa?»
eu atalhei:
«Não!».
Creio que a evidente racionalidade que fui adquirindo, como uma conquista árdua com mortos e feridos nunca me fará descrer do mistérios, da experiência, infelizmente intermitente, em âmbitos transpessoais.
PARA DISCURSO DE UM POLÍTICO, NUM CONTO:
«o problema em África é que o pobre não é nosso – é de outro. É o pobre do outro. Das organizações humanitárias, dos direitos humanos, da opinião pública ocidental (isto é, dos países que nos colonizaram), da Unesco, não é nosso.
Daí que a minha proposta seja: que cada branco adopte um negro!»
O Museu do Prado apresenta a mais antiga cópia da Mona Lisa. Há que fazer um Museu com as mais novas cópias das telas famosas.
Consideram-se os ossos palustres
Quando acima deles
Ainda sonha a carne.
CRÓNICA SOBRE UM CERTO PASTOR DE INCERTA SURDEZ
A sua esposa pintava as unhas de amarelo
para se lavar da ausência de pecados
e exibia-as ao almoço, ao pôr-lhe a terrina
de arroz à frente dos olhos. Alardes
& Sacrifícios em vão – ele não erguia
os olhos do seu decoro mumificado.
A chuva é um rio que se partiu,
já não lembro onde li,
no caso dele o rio partira-se nos mil
cacos da banheira onde colidira
o meteoro da abstracção.
Ela tentara já outras abordagens,
depilara-se, aprendeu o cha cha cha.
Era inútil saracotear-se como Salomé
na sua presença, só quem acreditasse
na ressurreição ao quarto dia.
Quanto à sombra dele padece de diabetes,
como todas as que se vão fixando
na glabra conversa
do boletim meteorológico.
Por isso bocejam os coretos e os cultos
por onde passa: perpassa-lhe
em cada palavra uma freira seca
como a virilha de um gnu.
Mas todo ele é fé,
da unha ao bolor
que lhe tomam as laranjas
no cesto da cozinha.
Todo ele se desdobra em petições, cego
ao espaço que gota a gota
nos penetra. Ainda que haja
deuses para tudo, e a boca
possa acolher a glória dos temperos,
concluiu finalmente a sua esposa
em casa de Marcolino Tembe
onde fora ver um sacrário de marfim
e surpreendeu um viçoso botão de rosa
a meio dum corpo enxuto: pátrias há,
como o Desejo, que não cabem
na pequenez da carne, e se enlaçam
em pequenas cadeias e sismos. É o escândalo
da semana no meu bairro. E o pastor
repete, alheando-se dos gemidos que ouviu:
«O ouvido é o que mais tende à surdez!»
«Há o homem e há também a omelete…», garantia Lacan.
Braille: um bom nome para um volume que me antologie a poesia.
DOS JORNAIS
Mafalala blues: quando viu o puto de onze anos
enforcado na mafurreira das traseiras
foi tocado pelo desespero: afinal, nada, nunca,
mudaria na penúria da sua vida. Até
o secretário do bairro era o mesmo
inútil há trinta anos. Ele vira,
o miúdo topou tudo num relance.
Aquele suicídio confirmava:
tinha a consciência vegetal dum songamonga.
VALA COMUM, SINOPSE:
O estranho plano para férias de Licurgo, o primeiro depois do seu divórcio, aos quarenta e três anos:
- dar a volta à casa, arrumar papéis, livralhada, catar os cadernos velhos (guardava-os desde o ciclo, nunca deitando nada fora), coligindo as cintilações dispersas por mil canteiros (sempre quisera ser escritor mas nunca passara da primeira página nas milhentas histórias que esboçara),
- e dar vazão à curiosidade telefonando para os quinhentos números de telefone que amealhara de nomes que lhe pareciam agora anónimos, mergulhados na vala comum.
Não me lembro donde tirei esta frase mas acho-a magnífica: “o que me arrepia no cristianismo é a ideia desse Deus que poderia amar-me a mim!” De facto, que pobreza de espírito!
A fogueira deitou-se
Para que a noite estrelada
Se pusesse em bicos dos pés.
“Éramos como navios que se saudavam em alto mar, cada qual baixando a sua bandeira”, escreveu Jung, com grande compreensão da alma humana. E o afecto desata-se quando num pequeno escaler os tripulantes se visitam momentaneamente e confirmam: a vida é o amor da vida.
O seu olhar é como o fogo que carcome intimamente todos os campos de trigo que a placidez duma vida amealhou, mas eu já não estou virado para escaqueirar a minha vida num gesto, no gesto. Por isso quando voltou a espetar os mamilos na direcção das minhas íris e insistiu:
«professor, se eu tiver treze dispensa-me de exame, não dispensa?»
eu atalhei:
«Não!».
Creio que a evidente racionalidade que fui adquirindo, como uma conquista árdua com mortos e feridos nunca me fará descrer do mistérios, da experiência, infelizmente intermitente, em âmbitos transpessoais.
PARA DISCURSO DE UM POLÍTICO, NUM CONTO:
«o problema em África é que o pobre não é nosso – é de outro. É o pobre do outro. Das organizações humanitárias, dos direitos humanos, da opinião pública ocidental (isto é, dos países que nos colonizaram), da Unesco, não é nosso.
Daí que a minha proposta seja: que cada branco adopte um negro!»
O Museu do Prado apresenta a mais antiga cópia da Mona Lisa. Há que fazer um Museu com as mais novas cópias das telas famosas.
Consideram-se os ossos palustres
Quando acima deles
Ainda sonha a carne.
CRÓNICA SOBRE UM CERTO PASTOR DE INCERTA SURDEZ
A sua esposa pintava as unhas de amarelo
para se lavar da ausência de pecados
e exibia-as ao almoço, ao pôr-lhe a terrina
de arroz à frente dos olhos. Alardes
& Sacrifícios em vão – ele não erguia
os olhos do seu decoro mumificado.
A chuva é um rio que se partiu,
já não lembro onde li,
no caso dele o rio partira-se nos mil
cacos da banheira onde colidira
o meteoro da abstracção.
Ela tentara já outras abordagens,
depilara-se, aprendeu o cha cha cha.
Era inútil saracotear-se como Salomé
na sua presença, só quem acreditasse
na ressurreição ao quarto dia.
Quanto à sombra dele padece de diabetes,
como todas as que se vão fixando
na glabra conversa
do boletim meteorológico.
Por isso bocejam os coretos e os cultos
por onde passa: perpassa-lhe
em cada palavra uma freira seca
como a virilha de um gnu.
Mas todo ele é fé,
da unha ao bolor
que lhe tomam as laranjas
no cesto da cozinha.
Todo ele se desdobra em petições, cego
ao espaço que gota a gota
nos penetra. Ainda que haja
deuses para tudo, e a boca
possa acolher a glória dos temperos,
concluiu finalmente a sua esposa
em casa de Marcolino Tembe
onde fora ver um sacrário de marfim
e surpreendeu um viçoso botão de rosa
a meio dum corpo enxuto: pátrias há,
como o Desejo, que não cabem
na pequenez da carne, e se enlaçam
em pequenas cadeias e sismos. É o escândalo
da semana no meu bairro. E o pastor
repete, alheando-se dos gemidos que ouviu:
«O ouvido é o que mais tende à surdez!»
«Há o homem e há também a omelete…», garantia Lacan.
Braille: um bom nome para um volume que me antologie a poesia.
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MISCELÂNIA,
VASCO MANHIÇA
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
HOMENAGEM A VIRGÍLIO DE LEMOS EM DOIS ANDAMENTOS
tapiès
Um filme que o Virgílio de Lemos adoraria:
1
Com o habitual atraso que me dá “o exílio” vi esta noite L’Amour, de Michael Hanek. Um filme que hoje seria impossível de ser feito nos EUA e que, por reconhecimento dessa vergonha, só poderia ter ganho o Óscar do Melhor Filme Estrangeiro.
Há claramente um texto a fazer sobre as relações subterrâneas entre este filme e Viagem a Tókio, de Ozu, no que toca a uma idêntica visão do que seja a dignidade de “desaparecer” deixando que o fluxo da vida permaneça intacto - de que a música e a sua persistência pelas “bagatelas” (para glosar a sonata de Beethoven que “enche” o filme) que cada interpretação traz é aqui a metáfora.
Há vários momentos extraordinários neste filme sóbrio e justo, que me faz lembrar uma frase memorável de Camus: "sofrer não te dá direitos", mas quero referir-me a três:
- a cena inicial do concerto musical, onde Hanek nos mostra a plateia em vez do palco, com o casal de idosos protagonistas já anónimos no meio da mole humana, o que imediatamente nos diz que o drama a que vamos assistir é transitivo e há de desencadear-se em cada um de nós, no seu momento próprio;
- a cena que começa quando o marido num acto de vida esbofeteia a sua acamada mulher que, em querendo morrer, rejeita a água que ele carinhosamente lhe dá, e se desdobra numa sequência de pinturas bucólicas (as que pontuam nas paredes da casa) nos quais a figura humana se vai gradualmente diluindo na paisagem, até se tornar invisível ou rarefeita, como um efémero sinal entre dois infinitos: o da escarpa e o do mar do quadro final;
- a cena do pombo, quando Trintignant no afã de agarrar a vida e de a sentir pulsar entre as mãos, o abafa (com uma manta) como havia feito com a sua mulher (com a almofada) ao dar-lhe a morte (horror que neste filme é uma forma de dádiva), simetria ambígua em que se joga toda a complexidade do amor e da vida.
Três momentos fortes de um filme que merece os encómios de que vem laureado.
2
O Virgílio de Lemos, homem de naturaleza "leve", matérica, que nunca conheci pessoalmente (- ele em Nantes e eu em Maputo, a falta de taco nunca nos deixou cumprir a vontade profunda de nos conhecermos) mas com quem troquei centenas de emails, alguns divertidíssimos, para concretizarmos a antologia dele que preparámos juntos, A Invenção das Ilhas, era um homem que ria da metafísica para lhe opor os acenos da sensualidade e do riso, e gostava de uma boa irreverência. Por isso, ao arrepio já das solenidades, que ele odiaria, lhe dedico esta pequena narrativa que escrevi ontem:
A LIÇÃO DE HISTÓRIA
Depois de bater uma boa sorna, nada como acordar com a Sónia ao nosso lado a bater-nos uma punheta.
A Sónia tem seis dedos em cada mão, como de resto os teve el-rei dom Sebastião, e é vão querer saber se isso lhe dá uma tactibilidade especial ou se será da fantasia que a sua anomalia provoca em nós, o certo é que somos quatro a testemunhar o mesmo facto: "aprés" uma punheta batida pela Sónia ficam-nos a doer os colhões.
Eu tinha comprado uma rede, em Fortaleza, no Brasil, onde fiz uma exposição de fotografias cuja receptividade foi nula, e habituara-me a bater um choco todas as tardes depois do almoço, não mais do que uma hora para não ficar mole. Ontem, convidei a Sónia para almoçar, preparando-a para a sessão de nus que iríamos fazer no estúdio à tarde. E perguntou-me ela, como me vais pagar isso. Na brincadeira, olhando-lhe as mãos, respondi, com uma pívia. Para surpresa minha, isso provocou-lhe um sorriso mais aberto que a calvície do Yul Brynner. Adoro mostrar os meus dons, justificou.
Do vinho passámos à sonolência, na rede, até que ela, com a precisão de um metrónomo, uma hora depois, quis justificar a fama.
Nunca lhe serei suficientemente grato, ela foi buscar o ouro a 50 m de profundidade, ainda que me tivesse deixado o cavername a zunir. Confirmo o que dela me foi referido pelos três amigos comuns que desfrutaram duma idêntica experiência angular. A quem não acreditar que da associação duma boa sorna com a Sónia possa nascer um deleite que é em si mesmo uma arquitectura da dor, a tais cínicos, lembro o aviso de Jim Harrison: (também) a morte tem para nós a inverosimilhança que terá a realidade da nossa viagem à lua para uma zebra - a morte que, em nosso nome, já faz uma batida.
Um filme que o Virgílio de Lemos adoraria:
1
Com o habitual atraso que me dá “o exílio” vi esta noite L’Amour, de Michael Hanek. Um filme que hoje seria impossível de ser feito nos EUA e que, por reconhecimento dessa vergonha, só poderia ter ganho o Óscar do Melhor Filme Estrangeiro.
Há claramente um texto a fazer sobre as relações subterrâneas entre este filme e Viagem a Tókio, de Ozu, no que toca a uma idêntica visão do que seja a dignidade de “desaparecer” deixando que o fluxo da vida permaneça intacto - de que a música e a sua persistência pelas “bagatelas” (para glosar a sonata de Beethoven que “enche” o filme) que cada interpretação traz é aqui a metáfora.
Há vários momentos extraordinários neste filme sóbrio e justo, que me faz lembrar uma frase memorável de Camus: "sofrer não te dá direitos", mas quero referir-me a três:
- a cena inicial do concerto musical, onde Hanek nos mostra a plateia em vez do palco, com o casal de idosos protagonistas já anónimos no meio da mole humana, o que imediatamente nos diz que o drama a que vamos assistir é transitivo e há de desencadear-se em cada um de nós, no seu momento próprio;
- a cena que começa quando o marido num acto de vida esbofeteia a sua acamada mulher que, em querendo morrer, rejeita a água que ele carinhosamente lhe dá, e se desdobra numa sequência de pinturas bucólicas (as que pontuam nas paredes da casa) nos quais a figura humana se vai gradualmente diluindo na paisagem, até se tornar invisível ou rarefeita, como um efémero sinal entre dois infinitos: o da escarpa e o do mar do quadro final;
- a cena do pombo, quando Trintignant no afã de agarrar a vida e de a sentir pulsar entre as mãos, o abafa (com uma manta) como havia feito com a sua mulher (com a almofada) ao dar-lhe a morte (horror que neste filme é uma forma de dádiva), simetria ambígua em que se joga toda a complexidade do amor e da vida.
Três momentos fortes de um filme que merece os encómios de que vem laureado.
2
O Virgílio de Lemos, homem de naturaleza "leve", matérica, que nunca conheci pessoalmente (- ele em Nantes e eu em Maputo, a falta de taco nunca nos deixou cumprir a vontade profunda de nos conhecermos) mas com quem troquei centenas de emails, alguns divertidíssimos, para concretizarmos a antologia dele que preparámos juntos, A Invenção das Ilhas, era um homem que ria da metafísica para lhe opor os acenos da sensualidade e do riso, e gostava de uma boa irreverência. Por isso, ao arrepio já das solenidades, que ele odiaria, lhe dedico esta pequena narrativa que escrevi ontem:
A LIÇÃO DE HISTÓRIA
Depois de bater uma boa sorna, nada como acordar com a Sónia ao nosso lado a bater-nos uma punheta.
A Sónia tem seis dedos em cada mão, como de resto os teve el-rei dom Sebastião, e é vão querer saber se isso lhe dá uma tactibilidade especial ou se será da fantasia que a sua anomalia provoca em nós, o certo é que somos quatro a testemunhar o mesmo facto: "aprés" uma punheta batida pela Sónia ficam-nos a doer os colhões.
Eu tinha comprado uma rede, em Fortaleza, no Brasil, onde fiz uma exposição de fotografias cuja receptividade foi nula, e habituara-me a bater um choco todas as tardes depois do almoço, não mais do que uma hora para não ficar mole. Ontem, convidei a Sónia para almoçar, preparando-a para a sessão de nus que iríamos fazer no estúdio à tarde. E perguntou-me ela, como me vais pagar isso. Na brincadeira, olhando-lhe as mãos, respondi, com uma pívia. Para surpresa minha, isso provocou-lhe um sorriso mais aberto que a calvície do Yul Brynner. Adoro mostrar os meus dons, justificou.
Do vinho passámos à sonolência, na rede, até que ela, com a precisão de um metrónomo, uma hora depois, quis justificar a fama.
Nunca lhe serei suficientemente grato, ela foi buscar o ouro a 50 m de profundidade, ainda que me tivesse deixado o cavername a zunir. Confirmo o que dela me foi referido pelos três amigos comuns que desfrutaram duma idêntica experiência angular. A quem não acreditar que da associação duma boa sorna com a Sónia possa nascer um deleite que é em si mesmo uma arquitectura da dor, a tais cínicos, lembro o aviso de Jim Harrison: (também) a morte tem para nós a inverosimilhança que terá a realidade da nossa viagem à lua para uma zebra - a morte que, em nosso nome, já faz uma batida.
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terça-feira, 3 de dezembro de 2013
BAGAGEM À VENDA EM LISBOA
ESTÁ À VENDA NA GALERIA DA ABYSMO - Rua da Horta Seca, 40 R/C – 1200-221 Lisboa | info@abysmo.pt, A CEM METROS DO CAMÕES.
A PARTIR DA PRÓXIMA SEMANA
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domingo, 1 de dezembro de 2013
BAGAGEM NAO RECLAMADA/LADRILHOS 2. O HUMOR
Se em 180 páginas de sonetos não houvesse, para além da marmelada, uma pitada de humor a atenuar tanta meditação sombria, o pataco de um lirismo de malha caída, não sei que vos diga.
o poema relaxa,
como o guarda na guarita
que vê a manhã dourar
lama, folhas, os estalidos
que lhe amotinavam
a noite. Aceita
então de bom grado
um cálice, algo
que o distraia da missão
cumprida. O ventre
descai, engasta-se
no débito da rola:
rô rô rô Rõ (é fêmea…)
Mas aqui vos deixo outros ladrilhos, e vejam lá que a meio até tem blandícias:
Outros vinham bêbados,
A volúpia de poder ser
π
(…) A palavra
conspícua que desabotoou
a mini-saia à rapariga num lavabo
do estádio, perdia o Benfica por 3-1,
para que um sáurio desaustinado
lhe arrancasse do sexo a saxífraga.
------
Topas a romena? É tramada, mas ,
(…) Nem a faxina
π
Lês: «Beijo-a. Aqui
não seria fortuito um eclipse».
E chega dos fundos, na longa avenida
de acácias em sangue,
a buzina de uma ambulância.
(…)
Na lágrima da viúva via-se um velho cisne
que tossicava muito. Ela escamava à bancada,
enganchando a unha na guelra. Lembranças de miúdo,
ainda a alegria trotava no seu pequeno porte exangue.
A quem seguir quando «a cidade é um poço inumerável?»
-----
Um dia, num semáforo, bati
porque ruminava distraído num verso
da Primavera Autónoma das Estradas.
(…)
Um dia ofereceram-me um bonsai
que me lembrava o Mário à procura de
ventoinha nos armazéns do Grandela.
Um dia escrevi o Mário é imortal como todas
as Marias que calam o trilo de São
Francisco de Assis no corpo do seu soldado.
-----
-----
Ter um corpo e não lhe sentir
o cansaço: uma pretensão que avilta.
igual só a literatura armada
em piscina de condomínio privado.
O cristal cala o calafrio ou afia-o,
dúvidas de neófito à entrada
do Museu Gongora. Contudo, é
improvável morrer-se na fonte onde
se nasce. O "em-si" atrai muito pó,
já viste crica empoeirada?
Num sonho a sombra de Cristo
(…)
--------
Desta altura da minha vida – um sétimo andar
sem elevador – vejo a minha adolescência a pular
na mesa alemã e enxergo o modo doméstico
com que me fui estatelando ao comprido.
Vem isto de longe, em várias frentes e lugares
(…)
------
conduz-me ao muro
AUTO-RETRATO NO COMBOiO PARA RESSANO GARCiA
Que homem tão original, pensava a menina
que me enchia de macacos o cabelo,
mucos tenros extraídos das narinas
que a obstipavam (palavra tão bonita!). A mãe
não via, a mãe era um caso de cegueira e paciência,
o contrário da petiz que, para regozijo
dos poetas, compensava em ranho verde
a friagem do mundo. Ai o (cobrador!), corou
(…)
------
Esgarça-se a nuvem, é uma questão
de sintaxe, sem esta
há lá emoção duradoura!,
nem seria a cerejeira reminiscência
nas costas da cama que te ouve
em blandícias.
-----
Ir de cana, pintar o sete,
erguer em palafita sobre delgadas patas
de aranha o tabuleiro do medo
ou ir-lhe à rata abocanhar o queijo grié
– propósitos que esculpem uma vida
na sua jaula. Há quem prefira o comedimento
ser rato de biblioteca ou a convalescença
da ternura no passo da devastação,
a jaula é a mesma. O pão sonha
ser intratável farinha
ao vento. Deseja ter um prego
imaginário espetado na cabeça.
Que quando se olhe ao espelho
só se veja o prego.
A foto é do atelier do Bacon, um tanto parecido com o meu escritório e foi uma das imagens hipotéticas para a capa, hipótese que a editora (influenciada pela minha mulher, tenho a certeza)
rejeitou.
rejeitou
quinta-feira, 28 de novembro de 2013
UM POEMA DE RADOVAN IVSIC E CINCO VARIAÇÕES
miró, que fez várias litografias para Radovan
OS PASSOS DA MORTE
Nos vagares de um vento lazarento
pelas mais densas florestas
betumadas as raízes numa mão imensa
que pulsa no coração da relva sombria
ao redor da pedra
no topo da surdez dos abismos
na noite anoitecida
pelas orações ensurdecedoras das conchas
no vento
no vento
a
a
v
e
desfolhou-se.
---------
Tudo em redor luzia nas mesmas trevas
Que levaram o teu coração
A achar um pássaro na gaiola.
Sonhemos então,
Nascidos de um riso nas lágrimas.
----
Ah, com as tréguas do tempo
posso eu bem,
quando pacifica e as mãos em concha
acomodam o bule.
Já não sei que lhe faça
quando tagarela como um insone.
Ah, viver como animais
e escrever como homens,
isso é que era, ver como
na avalanche da minha infância
a pedra do e rolou
e degenerou num a,
isso é que era.
Mas o apelo à eficácia, esse
entalhe dos desertos
que sósializa a vida,
não deixa
que se vulcanize a alegria.
E que eu faço eu ao tempo
que não se cala?
----
A secura daquele beijo
foi devorado até ao osso.
------
Baralhou todos os joelhos da sua vida.
ou foi por eles baralhado?
É quase um prodígio ficar tão à nora,
do lado de fora de joelhos
que como preciosos tentáculos o agarraram à vida
em álgidas noites de inverno.
Mas qual deles calou mais fundo em si,
escondido nos eflúvios?
O vento evade-lhe os nomes
e já os pormenores são trevas.
----
O vento folheou a ave
até ao fim
na sua primeira lição de geografia.
Depois ficou transparente
a tal ponto
que a ave voltou ao ovo.
terça-feira, 26 de novembro de 2013
BAGAGEM/LADRILHOS 1/ A HEMATOLOGIA
Cartier-bresson
Revejo-me absolutamente no excerto que escolhi de um artigo de Maria João Cantinho sobre um livro meu e por isso o escolhi para pôr na contracapa deste Bagagem Não Reclamada. Diz assim:
Entretanto,
Bagagem é um livro onde convergem vários afluentes, de superfícies e freáticos, e tem várias portas de entrada. Em breves pinceladas, exponhamos alguns tópicos.
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LADRILHOS 1,
MARIA JOÃO CANTINHO
DA BAGAGEM AO LIBELO A FAVOR DO CURANDEIRISMO
1
2
(Parabéns ao bom trabalho gráfico do Lénio Ussivane)
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PAULINA CHIZIANE,
RASTA PITA
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
UM PHOTOMATON E UMA CANÇÃO DESENCRAVADOS
estes vão p’ró moço Henrique Fialho, que faz anos,
a quem admiro e que felizmente é casmurro
do Beckett é uma armação totalmente vegetal,
e no pergaminho do seu rosto
escondem-se um repolho e duas folhas.
que quis chegar às estrelas mas se resignou
em pecíolo e em cuja metade pulsa, inútil,
aquela vagem do tamanho dum amendoim.
que a leitura da sua acostumada imagem,
entre ave de rapina e angústia,
lhe vem da extrema lentidão,
da lenta fruição da clorofila
que o autor partilha com as suas personagens
e até no modo recalcitrante como lutam & lutam
mais activas que contemplativas.
Fito-lhe o retrato imaginando que plantas
hão de ser tão emaranhadas. Como se ele em criança
de funcho. Peço um Grants, duplo,
pois quero vê-lo espelhado nos estalidos
do gelo, e então ouço-o
segredar-me, num irlandês
de duas gemas de ovo:
"Creio que inventámos o amor
para que Deus não se suicide!"
retrato de Lou Reed por Alice W R
2. LOU REED
o janota que tinha um deus
que vivia em três mundos.
Mas assim que montava o selim
de freguesa auspiciosa,
com fundos e amante de folhetim,
punha um ar de bezerro
em ultra-levure
e trauteava-lhes, a boca
em fotogravura,
tu tu tu, satellite of love
tu tu tu, satellite of love.
também lhes recomendava book
sobre a pintura dos bambus,
que num ressoante vagido
largavam ao vento o nome das viúvas
ou das solteiras mais injustiçadas
aquelas que catrapus
fariam cair de novo o império romano,
e depois: tu tu tu tu, satellite of love
Tu tu tu tu, satellite of love.
por assédio, onde defendeu
que não passava dum budista primitivo
e talvez dos médios, dos menos atractivos.
Mas houve uma Fátima que lhe pegou
- eu dou-te o meu lençol e tu dás-me o coração –
que bom cair nas trampas da ilusão;
há-de no rastilho tornar-se mártir do Islão?
tu tu tu, satellite of love
tu tu tu, satellite of love
tu tu tu, sa-te-lli-te-of-lo-ve
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ALICE WR,
BECKETT E LOU REED,
POEMA INÉDITO
terça-feira, 19 de novembro de 2013
DA RESPONSABILIDADE DE NOTICIAR
Recebi hoje de manhã, por mail, a carta, que transcrevo em baixo, do escritor e antropólogo José Pimentel Teixeira e que ele endereça à direcção do semanário Expresso, a propósito da notícia que nela se discute.
Manifesto aqui a minha igual dúvida sobre a oportunidade e a pertinência da notícia, dado o actual contexto político-social que é vivido pelos emigrantes residentes em Moçambique (ou também em Angola).
Tudo o que sublinhei na carta de Pimentel Teixeira é exacto - e ele, nos últimos meses, tem sido dos primeiros a desdramatizar em vários postais, no seu Ma-schamba, o ambiente que se vive, sobretudo em Maputo, deitando água na fervura de algumas reportagens mais sensacionalistas que em Portugal têm saído sobre Moçambique. Contudo, esta "pérola" era desnecessária, ou reflecte um sentido de responsabilidade algo ambíguo.
Tanto destaque dado a revelações tão pífias! Há algum desajuste entre a necessidade de resguardar o direito de informar a todo o transe e o efeito pernicioso que uma coisa "tão pouca" causa sobre os portugueses que cá vivem.
Mas leia-se a carta do José Pimentel Teixeira:
«Para: Director do jornal Expresso
Acabo de ler a notícia publicada pelo Expresso sobre a colaboração dos serviços de informação portugueses e os seus homólogos americanos, bem como a comunicação da direcção do jornal subscrevendo essa notícia e reafirmando o seu conteúdo.
Não é preciso ser um grande leitor de Le Carré para acreditar nisto. Não é preciso ser muito atento para comentar essa vossa notícia com um "isso é notícia?", no sentido de questionar a sua novidade, a sua urgente actualidade.
Sou português e vivo há 17 anos em Moçambique. Para além dos problemas económicos e sociais que o país vive nunca, como desde meados de 1990s, quando o conheci, se assistiu a uma situação tão tensa, política, militar e criminalmente. E nunca como agora se assistiu a uma campanha pública, mediática, com utilização de argumentações racialistas e racistas tão exarcebadas. Para além disso recuperou-se a utilização de algum anátema sobre os portugueses residentes. Tudo isto é público, e com toda a certeza do conhecimento do pessoal de um jornal com a dimensão do Expresso.
A notícia em causa, do seu jornal, li-a ecoada por moçambicanos. Provocando imediatos, evidentes, e até compreensíveis, ditirambos contra nós.
Os critérios sobre o que é notícia, o que é relevante, o que é novidade, o que é urgente, o que é inultrapassável, são seus, e da equipa que dirige.
E com toda a certeza lhe serão indiferentes os efeitos explícitos e implícitos de uma notícia destas, aparentemente sonante mas que é apenas uma coisa morna que serve para a resmunguice interna. Efeitos sobre os seus compatriotas que, sem terem nada a ver com isso, estão a cruzar este momento aqui. E que vivem num contexto em que essa "morna" caixa que aí arranjaram, e V. coordenou, tem ou poderá ter outra temperatura e efeitos bem mais duradouros.
Isto diz muito mais sobre si, director do Expresso, e sobre o seu colectivo, do que sobre as trocas de informação entre serviços de informação de países aliados. Diz, evidentemente, muito mal.
Em termos nacionais, algo que ainda é de prezar, o que V. mandou ou permitiu fazer é uma malevolência.
E, creio, num país distraído como o nosso ninguém lho dirá. Até lhe aplaudirão a pertinência.
É esse o (nosso) mal.»
Creio que da parte do Expresso e da sua direcção houve apenas alguma incúria causada pelo desconhecimento do território. O problema é que estes deslizes se repetem na comunicação social portuguesa, que não entendeu ainda as particularidades de se lidar com uma ex-colónia.
Para se entender melhor o dano e a que ponto as coisas estão quentes coligi alguns comentários à notícia escritos no site do diário O País, de Maputo, só de ontem para hoje, e teremos de ter em conta que estes comentários são produzidos pela élite urbana de Moçambique, por aqueles que têm acesso à net, sendo na sua maior parte gente de nível médio/universitário:
Top of Form 1
Bottom of Form 1
Essa é uma situação extremamente complicada o nosso ministro dos Negócios estrangeiros no quadro das suas competências devia convocar o Emabixador de Portugal a explicar-se sobre o assunto, mas a mim essa informação não me expanta nem tão pouco, só espero que algumas pessoas percebam que estamos num mundo glabalizado e todos querem tirar ganhos de todos, sinto pena de Portugal estar a colaborar nessa espionagem numa altura destas em que precisa de África pra sobreviver e particularmente de Moçambique e Angola como grandes parceiros de Negócios, África tbm deve aprender de uma vez por todas que deve se unir pra sobreviver neste Globo.
antoniodacosta.oliveira (com sessão iniciada através de yahoo)
PORTUGUESES, PARASITAS DE MERDA, FILHOS DA PUTA. QUE DEIXEM EM PAZ A AFRICA, RESOLVEM OS PROBLEMAS DO VOSSO RECTANGULO MISERAVEL, QUE AFUNDOU-SE NO MAR DE MERDA.
e ironico neste momento tarmos aqui a chamar de "brancos exploradores" no entando usamos o facebook mesmo para comentar neste jornal, facebook que ta sempre a partilhar informacao com a nsa, facebook um site 110% americano, aonde todas nossas fotos informacoes e chats, sao automaticamente guardados nos servidores do NSA e CIA..... por isso pessoal.... nao podemos virar as costas para realidade do mundo....tamos na era da Globalizacao aonde todo mundo usa e ajuda aproveita explora..... todo mundo...
Seus vermes, mortos de fome, portugueses de carralho de merda, pensam o que? Mocambique e nosso e independente! Podem fornecer todo tipo de informacao que voces quiserem e a quem quiserem, aqui ja nao tem nenhuma chance de recolonizar. Que se lixem com a vossa pobreza e nos deixem em paz seus fantoches!
Filhos da Pu**** desses tugas e de todo esse bando de exploradores. . .se eu fosse o PR cortava as relações com esses culh***** e lhes mandava passear.
Olhando para esta situação, Robert Mugabe fez bem em mandar embora os Ingleses, suspender vistos dos portugueses é um pouco de exagero, mas temos que rever as relações diplomaticas com estes Portugueses falidos. Unico investimento valioso que portugal tinha era HCB, se Angola deixar de investir em Portugal, vão para banca rota. Mal criados!!
ABUSO DE CONFIANÇA E DE PREPOTÊNCIA DE PORTUGAL. MOÇAMBIQUE TEM QUE ACCIONAR MECANISMOS PARA PEDIR ESCLARECIMENTOS. MOÇAMBIQUE JÁ NÃO VOSSA COLÓNIA, MAS PAIS SOBERANO. SEUS ABUSADOS.
estes tugas do raio , estao a dar uma de grandes investigadores , pobres do raio , nao vao entrar mais em moçambique e os que ca estao terao vida negra ate voltarem a terras lusa , macacos .
E QUANDO VOS DAO ALGUNS DOLLARS DIZEM: "OS NOSSOS AMIGOS PORTUGUESE". O AMIGO DO AFRICA FOI E SEMPRE SERA O AFRICANO, E TODOS OS BRANCOS, NAO INTERESSA DE QUE PAIS SAO IGUAIS, UNIDOS E SEMPRE JUNTOS LUTAM CONTRA O DESENVOLVIMENTO DE AFRICA ABERTA E CLANDESTINAMENTE. O QUE FUNCIONA AQUI, OS AFRICANOS PRECISAM PERCEBER QUE E A COR DA PELE E NAO A AMIZADE. OS BRANCOS TODOS SAO EXPLORADORES DOS AFRICANOS. ACORDEM POVO!!!!
Jossias, o complexo e' deixar passar. quem nos explora sao os brancos. nao leste qual e' a receita do governo nos recursos naturais? a FMI, BM, e' k deixam nos nesse estado onde estamos. o governo e' culpado pk aceita assinar esses contratos desvantasojos mas sabes k os lideres africanos k nao se identificam com o neocolonialismo e exploracao sao julgados no TPI . abra a vista, o problema nao sao os lideres ou o governo mas sim o sistema. esta ai Zimbabwe e Africa do sul para perceber o k esta acontecendo Mugabe era o lider icone para os europeus mas quando decidiu levar a terra das maos dos brancos que reprentam a minoria deixaram o pais numa crise de tirar lagrimas. EUA e Europa dizem k se A Africa nao aceita homossexualismo vao cortar as doacoes. nao ves k nao temos nenhum poder mesmo?
Cuidado... Nós, temos a dor dos nossos avos. Independentes africanos nao expulsaram esses pra darem mais oportunidades. Respeitem no vosso hino
1HYPERLINK "https://www.facebook.com/raimundosilvestre.bucuane"Raimundo Silvestre Bucuane Espero k a relacao luso-mocambique termine mais rapido possivel pk isso é uma traicao
Eu como estou entretido a passar para mp3 tudo o que encontro de Takemitsu e de George Crumb no Youtube, e pouco saio de casa, creio que estarei mais a salvo da agressividade que os meus compatriotas operários sofrerão na pele, entre bocas e feios soslaios. Esperemos que a coisa não degenere nuns calduços - que a violência anda à flor de todas as oportunidades.
E preocupo-me com tranquilidade das minhas filhas que todos os dias têm de atravessar a cidade para ir e vir da escola.
Moçambique, para quem ainda não percebeu, não é só praias e palmeiras. Tem também a rudeza da foto que pus em cima, e a sua paisagem humana é sensível aos conflitos latentes que, por estes dias, estão ao rubro.
Escusamos é de pôr lá lenha.
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